As Provas “Piratas” de Almeirim

Homenagem a Jorge Martins

Este artigo, saiu no Anuário Rota K 2000/2001 e foi baseado na experiencia de Jorge Martins. Quem é Jorge Martins? Para a Rota K, Jorge Martins é uma referência, pois foi o mais leal, amigo e companheiro Director de Prova que os convivas da Rota K tiveram a honra de conhecer. Deve-se, em grande parte a ele, o desenho da pista do Kartódromo da Quinta da Conceição em Almeirim e também a tentativa de fazer “frente” às caríssimas provas do Nacional, com a opção “CMF”. A CMF foi um grupo que organizava provas de Karting, onde os pilotos eram donos dos Karts e não estavam inseridos na federação ou Kartódromos. Recuamos então ao ano 1988 onde não haviam muitas pistas de Karting e os adeptos tinham de se contentar com o que havia.

Jorge Martins “...sim é mesmo ele...”, durante os treinos livres da prova de 1988

As Provas “ Piratas ” de Almeirim

…(Muito antes de haver pistas com provas organizadas, os Kartistas já existiam pelo nosso país fora. Esses adeptos da modalidade começavam muitas vezes a tomar esse gosto, em provas de velocidade de motas. Daí até ao Karting era apenas um salto, pois se o gosto pela velocidade era uma constante, o mesmo já não se poderia dizer das quedas e assim alguns pegavam nos “carros de rolamentos dos filhos, pregavam-lhe” com o motor da Casal Boss e desafiavam-se uns aos outros para ver quem tinha a melhor máquina e as melhores mãozinhas.

Com o desenrolar do tempo, certas autarquias, aperceberam-se do entusiasmo e curiosidade que essas pequenas máquinas despertavam na população em geral, e nas várias festas de aldeias e vilas, começaram a aparecer as provas “Piratas” de Karting. E piratas porquê ?… Bem, porque a federação não apoiava provas fora da sua alçada e também porque a policia não via esses eventos com bons olhos, embora muitas vezes a tivessem que tolerar, porque era a própria “Câmara que dava o sinal verde”.

O Exemplo das pistas improvisadas pelos pilotos: pista pouco larga, piso enfolado, ou esburacado, as protecções eram fardos de palha ou pneus, e a constante multidão amontoada nas bermas do trajecto, tinham muitas vezes como resultado final alguns acidentes aparatosos.

A zona onde tinham mais implemento estas provas era sem dúvida, a zona Oeste “ São João das Lâmpadas, Vilar, Barril, A dos Frangos, Ferrel, Olhalvo, Amoreira” eram algumas das localidades onde se disputavam.

1988/89 as provas piratas de Almeirim são organizadas pela rádio local, os principais atractivos são os prémios “200.000$00”, divididos por duas categorias uma de 80 cc com caixa e outra com mais de 100 cc “que incluía alguns 125 cc”, no final, e como manda a tradição, uma jantarada bem regada, para comemorar e afogar as mágoas.

Como o Oeste tinha tantas provas os pilotos que ali afluíam vinham de todos os lados e muitos eram os da zona do Ribatejo. Seria então natural que essas provas surgissem em vários pontos dessa região. Em Almeirim (primeira a receber essas provas), a pista de alcatrão era um luxo pois não se podia correr nas estradas nacionais e em grande parte do trajecto o piso era de pedra. A cronometragem era manual “o que muitas vezes dava lugar a dúvidas”, as voltas eram contadas á mão “e no final faltavam sempre algumas”.)…

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